Crónicas de Andebol – por Adriano Tavares

França Duplamente Campeã Olímpica

A França acabou por conseguir um inédito duplo êxito nos torneios masculino e feminino de Andebol nos Jogos Olímpicos de Tóquio 2020, terminados no passado fim de semana. As meias finais do torneio masculino puseram frente a frente, a França e o Egito na primeira meia-final e a Espanha e a Dinamarca na segunda.

No primeiro jogo os africanos dominaram a primeira parte, sendo que, o melhor que a França conseguiu foi por 3 vezes, chegar ao empate. O empate a 13, foi mesmo o resultado com que se chegou ao intervalo. Na segunda parte verificou-se quase o mesmo cenário, só que com os protagonistas alternados, por foi a França a comandar e o Egito o melhor que conseguiu, mas só até ao início desta segunda parte, foi chegar ao empate. Assim, foi com naturalidade que os franceses venceram o jogo, terminando este com um 27/23. Se na primeira meia-final o domínio foi repartido, com cada uma das equipas a comandar o jogo em cada uma das partes, na segunda, a Dinamarca dominou em todo o jogo o marcador. A Espanha, já perto do fim aproximou-se perigosamente (22/23), mas a maior frieza nórdica na hora de decidir, permitiu-lhes sentenciar o jogo a seu favor, registando-se um 27/23 final.

No jogo de atribuição da medalha de bronze, os nossos vizinhos espanhóis, ainda que com algumas dificuldades, dado o equilíbrio verificado ao longo de todo o jogo, conseguiram-se impor ao Egito (33/31), arrecadando o terceiro lugar do pódio, sendo também este o último jogo do capitão da seleção espanhola, Raúl Entrerríos.

Na decisiva final, assistimos a uma primeira parte mais lenta e menos espetacular do que esperado, onde também para mim algo surpreendentemente, a França dominou. Depois do empate inicial a zero somente mais três se verificaram: a um, a três e a quatro golos, aos 10 minutos de jogo. A partir daí o domínio do marcador francês foi total. Depois de seguir na frente ao intervalo (14/10), a França não mais perdeu a liderança no marcador, chegando mesmo, por mais de uma vez, aos seis golos de vantagem. O forcing final nórdico ia dando frutos, pois com poucos segundos pela frente a Dinamarca teve a bola para empatar o jogo e forçar um prolongamento, mas um roubo de bola francês, quando a Dinamarca atacava sem guarda-redes, fez com que a França sentenciasse a partida, fixando o resultado final em 25/23, permitindo aos Franceses arrecadar mais uma medalha de ouro olímpica, para juntar ao seu já fantástico pecúlio. Já nas senhoras, depois de duas meias-finais muito equilibradas, pois a França venceu a Suécia somente por 2 golos (29/27) e a equipa do Comité Olímpico Russo venceu a Noruega por um (27/26), tanto o jogo de atribuição da medalha de bronze, como o jogo da final acabaram com resultados mais desnivelados. Assim no duelo entre os vizinhos nórdicos, a Noruega levou a melhor sobre a Suécia num jogo de “sentido único”, visto que a Suécia depois do 0/0 inicial somente mais uma vez, logo a seguir com o 1/1, conseguiu igualar o resultado. A partir daí o domínio das Norueguesa foi tal que ao intervalo já vencia por 19/7 dilatando ainda mais a diferença para uns inimagináveis 36/19 favorável às norueguesas que têm na equipa técnica, como treinador das guarda-redes, o nosso bem conhecido Mats Olson, que trabalhou em Portugal nas mesmas funções, numa primeira fase, e depois como selecionador nacional. O jogo da final foi bem mais interessante e equilibrado ainda que tenha ficado decidido cedo a favor das francesas. Depois de um início equilibrado onde as russas chegaram a comandar o marcador, cedo as francesas inverteram a tendência, embora com não mais de 3 golos de vantagem. Chegou-se ao intervalo com um resultado de 15/13 favorável à França. Na segunda parte e depois da equipa do Comité Olímpico Russo ter empatado a 16, aos 9 minutos, registou-se um parcial de 6/0 para as francesas que acabaram por sentenciar a partida, pois a partir daí não mais conseguiram uma perigosa aproximação as russas, pois nunca estiveram a menos de 4 golos de diferença, chegando o final e registando-se o resultado de 30/25 coroando de ouro, também a equipa feminina das “blue” depois de na véspera o mesmo ter acontecido com os “L’éxpert”.Como balanço, e principais e inesquecíveis notas desta 32ª Olimpíada para o nosso país, resumiria da seguinte forma:Tóquio 2020 realizado em 2021 devido à situação pandémica global;

A Seleção Nacional de Andebol participou, pela primeira vez, nos Jogos Olímpicos, terminando abaixo das altas espectativas criadas, no 9º lugar. Por si só, este facto, mostra o salto enorme que os nossos Heróis do Mar deram nos últimos anos;

Foi a melhor prestação de sempre dos representantes do Comité Olímpico de Portugal, com 1 medalha de ouro (Pedro Pichardo – Triplo Salto), 1 de prata (Patrícia Mamona – Triplo Salto) e 2 de bronze (Jorge Fonseca – Judo e Fernando Pimenta – Canoagem) e mais 15 diplomas, e outras mais participações muito meritórias, mas convém não “embandeirar em arco” pois, somente para dar um exemplo aqui do lado, os representantes da região espanhola da Galiza, ganharam 6 medalhas! Há, portanto, que relativizar este “sucesso”, que me fez, assim como a tantos outros, dormir menos do que o habitual e perceber que muito há para fazer e já! Assim, concluo que muito haverá para fazer, e que não tenhamos outra vez este discurso daqui por três anos, após Paris 2024. Acima de tudo teremos que reforçar, muitíssimo, a base de jovens praticantes nas diferentes modalidades, ainda por cima depois da pandemia e da paragem total a que a maioria dos nossos jovens atletas, se viram forçados. Seja no Desporto Escolar, seja no movimento associativo, o importante é que os nossos jovens deixem os sofás, as redes sociais e demais passatempos, para virem para o desporto. Se for para o Andebol, digo eu, tanto melhor!

Fotos – IHF – Federação Internacional de Andebol

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